quarta-feira, 29 de abril de 2015

Uber

O que mais incomoda nesta história da Uber não é tanto a acção da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) mas a do Estado legislador. A reivindicação da ANTRAL é, face à legislação vigente, justa e legítima: se os taxistas têm de estar devidamente autorizados para prestar o serviço (alvará da empresa, emitida pelo IMT, I.P., e licenças dos veículos, emitidas pelos municípios) e limitados pelo regime de preços fixado, é normal que exijam as mesmas condições (rectius, restrições) para quem exerce actividade idêntica.

O problema é prévio: temos, espante-se, o Estado a determinar a régua e esquadro o modo como o transporte público em veículos ligeiros de passageiros pode ser efectuado, não sem prejuízo para os consumidores. O legislador passa-nos novamente um atestado de estupidez (ao impedir-nos de fazermos pessoal e livremente essa escolha) e priva-nos, também novamente, de mais uma parcela de liberdade. Significa isto que vamos continuar a pagar mais por um serviço de pior qualidade.

É bom que estes episódios aconteçam. Ajudam-nos a tomarmos consciência de que esta coisa do Estado Leviatã não é mera conversa de ortodoxo liberal mas uma ameaça concreta e real à nossa liberdade de escolha e, por conseguinte, à nossa noção de responsabilidade.

sábado, 25 de abril de 2015

Novas formas de narcisismo


Que pensar desta nova prática feminina de publicar fotografias indiscutivelmente ousadas e provocadoras nas redes sociais? Que dizer desta recente corrente de culto do próprio corpo, exemplo extremo de narcisismo?

Em primeiro lugar, que é reveladora do sentimento de solidão que atormenta o Homem. Testar os limites e desafiar os padrões tornou-se, recentemente, na melhor forma de gerar polémica, provocar reacções e, consequentemente, ser o centro das atenções. Esta necessidade agravou-se com o surgimento das redes sociais e, particularmente, com o aparecimento de um novo modelo de aprovação social: o "like". Os novos jovens, inebriados com as modernas fontes de entretenimento (como sejam as séries televisivas e redes sociais), distantes das gerações antigas, desligados das famílias, dispersos entre si e desinteressados dos temas mais profundos, buscam nos "likes" a aprovação e atenção que a sociedade já não lhes confere. Para isso, tudo vale.

Uma mulher disposta a expor desavergonhada e recorrentemente as formas do corpo à comunidade, a troco de umas dezenas ou centenas de "likes" e outros tantos comentários banais, revela apenas uma coisa: a sua baixa auto-estima.

A crise das referências

É difícil medir o quão importante é para nós ter referências. Pessoas que nos desafiam a ser melhores. Para quem olhamos e pensamos: “um di...